Há quem diga que o vice não soma lá muita coisa e que os eleitores votam mesmo é na chamada cabeça de chapa. Irão disputar o cargo de prefeito Veneziano e Rômulo Gouveia e somente só. Vice, dizem, é um cargo secundário.
Em verdade, a disputa vai ser mesmo entre o Cabeludo e o Gordo. Mas há outros ingredientes nessa "briga" que é preciso uma análise mais longa e que merece reflexão. Campina Grande polariza todas as atenções da política paraibana e vai continuar sendo o centro das atenções no pleito vindouro.
Da mesma forma como aconteceu em 2004, será a disputa do grupo de Veneziano contra o grupo do Governador Cássio Cunha Lima. Naquele ano, Veneziano era apenas um vereador, com parcos recursos, tendo ao seu lado uns três ou quatro partidos, além de um irmão que tem sido um gigante - Vital Filho, Vitalzinho como queiram.
Naquele mesmo 2004, Cássio não tinha tantos problemas com a Justiça; governava, digamos assim, com mais tranqüilidade. Tinha a faca e o queijo na mão. A vitória de Rômulo era dada como certa. As bolsas de apostas diziam que a diferença em cima de Veneziano seria de 20 mil votos.
Os jornais (pelo menos dois da cidade) já estavam com suas edições prontas, com a foto de Rômulo Gouveia prefeito de Campina Grande. Até comerciais já haviam sido vendidos por esses jornais para diversos empresários da cidade e entidades classistas saudando o Gordo prefeito.
Mas o cabeludo, de forma heróica, sagrou-se vitorioso, com pouco mais de 700 votos de diferença é verdade, mas venceu.
Mas o cabeludo, de forma heróica, sagrou-se vitorioso, com pouco mais de 700 votos de diferença é verdade, mas venceu.
O quadro hoje é bem diferente daquele 2004. O Governador do Estado é o mesmo: Cássio Cunha Lima, só que mais desgastado do que nunca, cassado duas vezes pelo Tribunal Regional Eleitoral pelo uso eleitoreiro de cheques da FAC e do jornal A União e pendurado por duas liminares. Rômulo, obviamente, está da mesma forma desgastado e as pesquisas comprovam isso: o Gordo e a doutora Lígia são os que apresentam maior índice de rejeição.
Quanto a Veneziano, o desgaste passa pelas denúncias feitas pelo presidente da Assembléia Legislativa, mas que não foram bem digeridas pela sociedade. Afinal de contas, o presidente da Assembléia é primo do Governador Cássio e tem todo interesse do mundo em prejudicar o prefeito Veneziano.
Na corrida sucessória, Veneziano tem larga vantagem. Tem aprovação popular de mais de 80 por cento, tem um rosário de obras espalhadas pela cidade e ações administrativas que têm provocado a ira dos seus opositores. Afinal de contas, não esperavam que Veneziano, sem apoio do Governo do Estado, pudesse chegar tão longe.
É apenas o começo de uma jornada que vai ser marcada por muita deslealdade e por uso exagerado de vários órgãos de comunicação ligados ao Governador. O jogo começou, mas torçamos que as regras sejam respeitadas e deixem que o povo decida quem deva ocupar o Palácio do Bispo de forma democrática: se Veneziano ou Rômulo. E que vença o melhor!
Algumas notas
- Algumas pessoas que foram à convenção do PSDB queriam saber de onde arranjaram tanta criança para participar deste processo. Dizem que parecia uma creche. Alguém sabe responder?
- O ex-Procurador de Justiça do Estado, Tonito Almeida (foto ao lado), aparece como sangue novo na briga pela sucessão em Boa Vista. Seu pai, Antônio Almeida, foi médico conhecido na região e prefeito de Campina Grande. Na convenção que homologou o seu nome, dia 28, a população compareceu entusiasmada ao evento e deu provas que o candidato vai dar muito trabalho ao seu opositor.
- A eleição em Campina Grande neste ano tem outro ingrediente diferente de 2004. Naquele ano, o PT só apoiou Veneziano no segundo turno. Agora vai com tudo desde o começo e com um conjunto de obras de dar inveja, graças ao apoio do Presidente Lula.
- Também neste ano, outros partidos se juntam ao bloco do prefeito, totalizando 13.
- O Senador José Maranhão disse que a eleição em Campina vai ser plebiscitária. Segundo ele, Campina Grande vai julgar se quer um Governo transparente, de obras sociais importantes ou se vai voltar ao tempo das maquetes eletrônicas e do sumiço de dinheiro público (referindo-se à venda da Celb).
- A política é mesmo dinâmica e porque não dizer cheia de sobressaltos. Em João Pessoa, Aguinaldo Ribeiro, filho do ex-prefeito Enivaldo Ribeiro, vai caminhar ao lado de Ricardo Coutinho nas eleições 2008. Aguinaldo é seguidor do grupo de Cássio e Ricardo é ligado ao grupo do Senador Maranhão, que apóia Veneziano em Campina Grande. Em Campina, Aguinaldo deve acompanhar Rômulo Gouveia. Eita misturada danada. Nitroglicerina pura. Até a próxima!