quarta-feira, 13 de maio de 2009

O Primo biônico

Acompanhar a mesmice da nossa imprensa é algo que atenta à inteligência de todos nós. E como foi deplorável ouvir nesta semana as lamentações do Senhor Cássio Cunha Lima, afastado da vida pública por conta dos crimes comprovados pela Justiça Eleitoral quando esteve à frente do Governo da Paraíba bem recentemente.

Denominar José Maranhão de ‘Governador Biônico num mandato tampão’ foi ainda um absurdo. Que mau exemplo dá esse rapaz em pronunciar tamanha pérola. Uma liderança política que o é (isso é inegável), deveria agir com serenidade, pés nos chão, passar para a opinião pública, notadamente os jovens, seus filhos pelo menos, que possuímos uma Justiça em quem devemos confiar.

É hilário ouvir o termo biônico da boca do Senhor Cássio, pois ele mesmo desejava que a Assembléia Legislativa escolhesse o seu presidente para ser o nosso Governador Biônico, através de uma eleição indireta. E a Paraíba seria governada (pasmem), por seu priminho, obviamente também Cunha Lima. Hilário demais, pois o Senhor Cássio queria o primo governando nosso Estado. Esse sim seria biônico com todas as letras.

O termo biônico foi dito na verdade pelo jornalista Sebastião Nery, que assina coluna no Jornal de Alagoas, ao fazer análise contrária ao processo de cassação dos Governadores pelo TSE. E agora absorvida pelos cassistas.

E nem cabe utilizar o termo biônico, já que foi instituído no tempo do regime Militar. Eram prefeito biônico, governador biônico e senador biônico nomes dados a figuras públicas escolhidas pelas Forças Armadas para supostamente garantir a lei e a ordem em cidades ou estados considerados áreas de segurança nacional, durante a ditadurar no Brasil (décadas de 60, 70 e 1980).

Na prática, porém, as regiões governadas por prefeitos e governadores biônicos não possuíam autonomia política: o poder e as decisões finais emanavam do governo central (Brasília); a população e os políticos locais ficavam, portanto, excluídos de qualquer influência direta sobre a governabilidade da região. Bem diferente, portanto, da realidade atual, apesar de concordar que ainda falta muito pra que o Brasil alcance a democracia plena.

É um desrespeito as agressões que são desferidas pelo Senhor Cássio contra o TRE e ao Tribunal Superior Eleitoral. É muito bom lembrar que a cassação foi pela unanimidade dos senhores Ministros. Todos entenderam que houve abuso nas eleições de 2008. E olha que ainda há uma segunda cassação que brevemente será julgada pelo TSE, proveniente aqui da Paraíba.

Tirando os excessos dos homens públicos e daqueles que nada representam, nada melhor que a democracia para que possamos exercitar nossos pensamentos, mesmo que contestados por quem quer que seja. No Regime Militar, no tempo dos biônicos como relata o Senhor Cássio e seus seguidores, não era possível essa liberdade. Meu blog nem existiria no formato atual. Viva a liberdade. Biônico nunca mais, nem mesmo para meus primos!

Um comentário:

Claudio Quirino Mendes disse...

Eu raramente comento o que os jornalistas ligados ao governador Maranhão dizem. Receber dinheiro ou favores dos governantes para falar bem deles é uma prática conhecida, no seu caso, uma questão de sobrevivencia até. Mas lamento que mentes criativas e talentos como de muitos sejam vendidas por alguns caraminguas, lamento que profissionais,- literalmente, pois escrevem para receber pelo "favor" - não pautem suas vidas com a verdade, preambulo essencial para um jornalista. Leio coisas horriveis em sua coluna e em cada leitura me decepciono mais com essa parte dos profissionais que fomentam o ódio, o rancor e a inveja por não serem nada alem do que paus mandados. Nesse partido, que conta como membros, Helder Moura, Marcos Marinho e tantos outros deveriam trabalhar com a verdade, se dedicar a leitura e ir as ruas, como bem disse o Ministro Joaquim Barbosa, na briguinha de comadres no STF, dias atras. A verdade, caro "jornalista", está nas ruas, mesmo que grupos de pessoas, como voce e o sistema que voce serve, queiram derrubar com mentiras. Trabalhar com a verdade é um negocio dificil, tão dificil que voces optam pelo meio mais facil, pelo dinheiro facil e com a mentira. É uma vergonha para classe e para a democracia.