quarta-feira, 11 de abril de 2012

Saudades do meu tempo


Dizem que quando a gente começa a falar do passado é um dos sinais de quem está começando a ficar um pouco velho. Será mesmo?

Bem, isso não importa mesmo. Mas deu uma vontade danada de falar do passado, notadamente nesses tempos tão difíceis, da compreensão da vida, das atitudes humanas, dos seus conceitos sobre relacionamentos e na nova forma do homem  buscar a sobrevivência.
Claro que é comum da natureza humana a busca incessante pela melhoria da qualidade de vida. E isso passa necessariamente pela necessidade de se querer conquistar melhores salários e um padrão de vida melhor.

O grande problema é que as pessoas estão buscando essa conquista por meios cada vez mais escusos. O TER passou a ser moeda principal.

Nunca vi tanta sanha em se querer as coisas materiais desta vida tão frágil e passageira. É comum o jovem querer o celular mais moderno, a calça mais transada, a moto mais potente ou o tênis cada vez mais distante da realidade salarial dos pais.

Duvido que algum jovem queira o celular ou a calça jeans comprada em uma loja que não seja de marca. E ai do pai ou da mãe se não atender o apelo. Corre o risco de ser espancada literalmente. Claro que existem as exceções que fogem à regra.

No meu tempo e na época de alguns leitores que me acompanham, tudo era bem diferente. Os nossos desejos eram diferentes. Éramos felizes em ir ao cinema, em ler o gibi do zorro e brincar de “barra-bandeira” com os amigos. Nos tempos da adolescência ir ao Parque Maia era o programa preferido.

Naquele tempo escola particular praticamente não existia. O forte era a escola pública. Fui aluno do Polivalente, antes do Grupo Escolar do antigo Convento do Catolé. Nossos pais não tinham que desembolsar uma fortuna para comprar livros ou pagar até R$ 200 ou  mais para levar o filho no carro escolar para o estabelecimento de ensino.

Nas décadas de 70, 80 e 90, ouvíamos Roberto, Frank Sinatra, Júlio Iglesias, Abba, Beatles, Vando, Diana Ross, Ritchie, Carpenters, Trepidant’s,  Simone, Vanusa, Gal, Alcione, Elvis, Raul Seixas, Altemar Dutra, Luiz Gonzaga, Kid Abelha. E quando queríamos ouvir algo mais envolvente, tínhamos hit’s como o tema de Emanuelle.

E hoje, na minha concepção, vivemos o que há de mais degradante na música brasileira. É a geração do besteirol e da apelação sexual. É um tal de Kuduro; Enfica; Eu quero Tchu, eu Quero Tchá e umas porcarias executadas por uma banda  chamada Aviões do Forró.

E tudo isso está associado ao consumo desenfreado de drogas, muito álcool, nudez e muito mais.

Claro que temos bons artistas da nova geração que tentam sobreviver em meio à avalanche de porcarias musicais que recebem o apoio da mídia. Uma Maria Rita, por exemplo, tinha agenda para cantar em Campina Grande no ano passado, mas o show foi cancelado por ausência de público na compra de ingressos. Se fosse Calypso (com a voz estridente e desafinada da Joelma), a festa estaria garantida.

Fiz questão de falar um pouco do meu passado apenas para externar minha preocupação ante o futuro que se avizinha. Haverá espaço para a honestidade? Será que teremos de pagar até para dizer olá ou bom dia?

Estamos tão preocupados em ganhar mais dinheiro e passar a perna no próximo que perdemos a essência da vida: que é viver em sociedade e em harmonia.

Tenho visto uma sociedade cada vez mais desagregada. As pessoas estão se trancando em si mesma. Não confiamos mais em ninguém. Qualquer uma que passa na nossa frente é suspeito em alguma coisa. Pode ser um ladrão ou não.

O mundo globalizou-se no medo e se entregou ao capitalismo selvagem. Exagerei?



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