Após certo hiato, inevitável não escrever sobre Ronaldo Cunha Lima – o poeta de Augusto dos Anos.
Em
Ronaldo, a alma de poeta falava mais alto e era difícil tentar conciliar a vida
de “ilusões” com os ossos do ofício para administrar.
Quando
prefeito, Ronaldo era frequentador assíduo do fiteiro ainda hoje instalado em
frente ao Palácio do Bispo.
Conta
o atual proprietário que Ronaldo, antes das audiências, sempre gostava de tomar
uma “branquinha” – para espalhar o sangue.
O
poeta não era alcoólatra. Longe disso.
Como
todo boêmio – amigo de Asfora e Edvaldo Perico, Ronaldo sempre foi um bom
degustador da nossa cachaça. Também jogo nesse time e não vejo nenhum demérito
em apreciar o que é bom.
Anos
atrás, reencontrei Ronaldo ao lado do humorista Shaolin e outros amigos no Bar
da Galinha do bairro do Alto Branco, bem próximo da rádio Panorâmica FM.
Chamou-me
a atenção ver Ronaldo, embora doente, fumando muito e tomando algumas doses de
uísque.
Contam
os amigos mais próximos que Ronaldo, quando Governador, determinou que os
ajudantes de ordem sempre servissem do bom uísque a todo campinense que o fosse
visitar na Granja Santana.
Estive
lá algumas vezes e nunca tomei do tal uísque.
Conheci
Ronaldo bem jovem, apresentado por meu pai – o também poeta Apolônio Cardoso.
Meu
pai sempre teve uma relação bem próxima com Ronaldo.
Na
gestão municipal houve uma cachaçada na casa de Ronaldo, lá no Alto Branco. Fui
até lá, afinal, era muito amigo de Shaolin (então colega de redação no jornal A
Palavra).
Recordo-me
de um Ronaldo cheio de vida, não se aguentando de rir em ver Shaolin o imitando
com os olhos esbugalhados.
Um
fato marcante desse dia foi ouvir Shaolin dizer para Ronaldo: “poeta eu só vou
sair daqui quando fizer o pai de Josué der alguma risada” – é que meu velho não
apreciava muito as piadas do humorista – questão de gosto.
Obviamente
que Ronaldo será lembrado pelo bom homem que foi.
Só
o fato de ter concebido o Parque do Povo e ter tornado Campina como a cidade do
Maior São João do Mundo já é digno de louvores e reconhecimento de todos nós.
Campina
ainda terá que prestar uma grande homenagem ao poeta Ronaldo.
Pra
encerrar, reproduzo poema feito a duas mãos por dois poetas – Ronaldo e
Raimundo Asfora – publicado no blog de Gilbran Asfora (filho de Asfora).
1986, 5 de janeiro, 4h50 da madrugada, Município de
São João do Rio do Peixe- PB, hotel Brejo das Freiras, os Poetas Raymundo
Asfora e Ronaldo Cunha Lima pegavam mais uma vez o sol com a mão. Pedem um
papel, designam uma secretária ah doc e começam a fazer um soneto, dois
cérebros, um só pensamento.
SONETO: IMPROVISO DO ETERNO AMOR
Raymundo
Asfora - Amor, que graves coisas, mais antigas
Ronaldo C.
Lima - Se tornam hoje muito mais presente
RA -
Será que eu sinto o que acaso sentes?
RCL -
Se sentes todas emoções, que digas!
RA - Amor não
sejam palavras só amigas
RCL -
Sejam paixões eternas e frementes
RA -
Ah! Muitos mais amor, que agora crentes
RCL -
Criamos um caminho, que o sigas.
RA -
Será o que fizemos de nós dois
RCL -
E o que fizemos antes, e depois...
RA -
Tudo será nós mesmos! Namorados!
RCL - Um
pedaço de vida renascida
RA -
A união integral da nossa vida.
RCL -
Nossos sonhos, enfim, realizados.
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